APOLÍNEO X DIONISÍACO
Para
o filósofo Friedrich Nietzsche, a arte é uma forma de manifestação da vida,
sendo que ela se expressa por meio de características apolíneas e dionisíacas.
Apolo, divindade da mitologia grega, era venerado como o deus do Sol, da
justiça, da ordem e entre outros. Enquanto Dionísio, outra divindade, era
venerado por ser o deus do teatro, da fecundidade, dos prazeres carnais. É
possível, mesmo com essa breve introdução, perceber oposição entre as
personalidades dos mitos que Nietzsche busca fazer em seus trabalhos. Vale
ressaltar que o filósofo deixa claro que as manifestações da arte, como o
teatro, necessitam de uma relação complementar entre as características das
divindades para atingirem plenitude/completude, mesmo que uma se mostre mais
evidente que a outra.
“O
mundo é caótico, tentamos ver leis na natureza. Criamos leis para tentar
descrever os acontecimentos da natureza. Tentamos descrever o mundo de uma
forma apolínea, quando, na verdade, ele é dionisíaco.”
A
partir disso, segue abaixo os elementos e gostos do meu dia a dia que eu
percebo como sendo mais apolíneo ou mais dionisíaco.
De
primeira, falarei sobre o meu caderninho/agenda, elemento apolíneo, nele, eu
organizo todas as minhas tarefas do dia e da semana, de tal forma que eu
consiga ver o meu progresso, sempre mantendo a ordem dos prazos. A performance
de Marianela Nuñez, como Kitri, em Dom Quixote, transparece – ao meu ver –
fortes características apolíneas. A apresentação de ballet requere muito
esforço, treino, clareza e controle sobre o corpo e a mente, Marianela, uma vez
no palco, transforma-se em Kitri e entrega tudo de si, como resultado de sua
imensa capacidade dedicação e organização. Por fim, outros dois aspectos
apolíneos do meu cotidiano são os treinos de tênis e de piano, ambos demandam
muita constância, correção, prática e concentração.
Em
relação aos elementos dionisíacos, considero que o filme Uncut Gems ou Joias
Brutas, talvez seja um dos melhores exemplos. A atmosfera acelerada, por vezes
descontrolada, criada pelos diretores John e Ben Safdie ilustram muito bem o
caos criado e vivido pelo protagonista, um comerciante de joias chamado Howard
Ratner (Adam Sandler). Tal obra se equipara bem a visão dionisíaca de mundo
proposta por Nietzsche. Ademais considero que o meu celular – e os aplicativos
nele contidos - carregue muitos dos aspectos dionisíacos do meu dia, já que ele
tira uma parte da minha concentração, me distrai com quantidades absurdas, desnecessárias por vezes, de
informações, que podem ou não serem relevantes para mim, e entre outros. Por fim, a música "Safaera" do cantor Bad Bunny, em parceria com outros três artistas latinos, possui uma considerável alternância entre ritmos e também reflete algumas características dadas ao deus Dionísio. É uma música de festa, dançante e que alude a bebidas, práticas sexuais e entre outros.
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